quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Seminário de Literatura ( Leituras obrigatórias)

Apresentação dos alunos da turma M2TR01, da disciplina literatura.


Foi realizado, ontem dia 24/11/09,o seminário sobre as leituras obrigatórias, como parte da 3ªavaliação, os alunos da turma do 2º ano apresentaram os contos.

1ª equipe: O Conto " O moinho" de Eça de Queirós






Resumo do conto:

Com enredo muito parecido com o de O primo Basílio, em uma linha acentuadamente naturalista, o conto No Moinho tem um problema relativo à construção da protagonista. A falta de coerência marca a trajetória que vai da “senhora modelo”, que vive para cuidar do marido inválido e dos filhos doentes, à mulher promíscua, que pensa em apressar a morte do marido e deixa os filhos sujos e sem comida até tarde. Toda esta transformação de caráter provocada pelo simples beijo de um primo.

Apesar da variedade temática, pode-se perceber no conto de Eça uma grande preocupação com as dores humanas. Seus personagens são em geral tristes, alguns céticos, outros ingênuos, mas sempre atormentados.

Neste conto como em outros, os eventos surgem no discurso narrativo seguindo a sua ordem cronológica.

Os eventos são relatados linearmente, delineando três situações diferentes para a personagem protagonista:

— a da enfermeira zelosa;
— aquela em que conhece e se apaixona por Adrião;
— aquela em que se entrega a leituras românticas desencadeadoras de imaginários falsos e perniciosos.

O final adúltero é a consequência lógica e determinística deste percurso. O elemento desencadeador da ação é Adrião, cuja chegada vem alterar o decorrer monótono, mas pacífico, da vida de D. Maria da Piedade, causando diferentes atitudes e comportamentos. A sua visita instaura o conflito necessário à narrativa.

O espaço e o tempo da história — uma vila de província e um tempo contemporâneo — são facilmente reconhecíveis pelo leitor, porque se apresentam idênticos à sua própria vivência.

No moinho é um conto que prescreve que o leitor imagine aquela história como verdadeira. Trata-se de uma forma específica de desencadear o imaginar muito utilizada pela ficção realista.



2ª equipe: Uma Senhora de Machado de Assis







Resumo do conto

No conto Uma Senhora, o autor, Machado de Assis, conta as dificuldades de uma jovem mulher, dona Camila, de aceitar a velhice, mostrando as artimanhas que faz, de maneira inconsciente, para evitar que a filha case, vendo só defeitos nos pretendentes. Até que, por fim, sem outro remédio, verga-se às imposições da vida, assumindo-se como avó enlevada.

Vale notar que D. Camila procurou atrasar ao máximo o amadurecimento da filha, tratando-a como criança e vestindo-a como menina até o momento em que não lhe foi mais possível.

No conto Uma Senhora, Machado de Assis espicaça os românticos e seus clichês quando descreve dona Camila: (...) os braços, que eu não digo que eram os da Vênus de Milo, para evitar uma vulgaridade.

Machado de Assis, neste conto põe de manifesto os tormentos de envelhecer para a alma de uma mulher vaidosa, D. Camila.

A protagonista, D. Camila, é casada e tem uma filha chamada Ernestina, esta apesar de já crescida tem a infância prolongada devido a vaidade de sua mãe que tinha verdadeiro pavor de envelhecer.Como não se pode deter o tempo, o que sucede é o curso natural da vida, onde Ernestina começa a arrumar pretendentes e a mãe muito "zelosa" põe defeito, em muitos, com a desculpa de querer um casamento como o dela. Certo dia D. Camila descobre o primeiro fio de cabelo branco e muito frustrada o arranca; assim outros fios brancos surgem sendo que o terceiro coincide com mais um pretendente da filha.

Depois de muito relutar acaba aceitando o genro, embora a contra gosto. Ernestina então casa-se, e com isso vem o primeiro neto pouco tempo depois; mãe antes preocupada com a filha, agora ocupa-se do bebê. Já na condição de avó começa a fazer passeios, acompanhada de uma preta, onde leva o pequeno e demonstra excessivos cuidados deixando transparecer que seria a mãe e não a avó do mesmo.

O conto Uma senhora foi publicado no livro Histórias sem Data em 1884, é narrado em 3ª pessoa, com um narrador onisciente, e tem o tempo cronológico representado através da existência humana considerada no curso dos anos. Já em relação ao espaço este aparece de forma sutil, e embora o contista não lhe de muita importância pôde se perceber que a personagem vive em contexto social onde participava de festas e também as dava. O ambiente doméstico, embora tradicional é regado por paixão, inveja e temores.

O titulo é um problema lingüístico na narrativa, pois traz uma possível indagação de qual "senhora" o narrador estaria falando, já que, este substantivo sugere uma mulher de idade mais avançada e madura; e embora a mãe tivesse mais idade, a filha, todavia, é quem tinha trejeitos para tal. Machado, com muita delicadeza, deixa a dúvida no ar.

A análise dos nomes também é de suam importância, já que, de algum modo representa as personagens, vejamos em Camila temos : " ...associa a uma jovem e linda [...] indica uma pessoa que é competente porque executa suas tarefas com amor..." Poderíamos aqui questionar o nome da personagem, pois sabíamos que ela era linda e amava sua família, mas ao vermos o nome da filha Ernestina, que seria a antagonista, temos : " aquele que combate". Através dessa comparação pode-se perceber que os nomes poderiam estar trocados, pois a "combatente" seria D. Camila, que além de lutar contra o tempo, também existe o embate com a juventude da filha, e mesmo a jovem com toda frescor e beleza dos anos, ainda assim, a beleza da mãe a superava.

A narrativa que apresenta D. Camila aos 29 anos e a filha Ernestina aos 15, trata das questões do tempo em vários parágrafos, como no terceiro onde encontramos: "... trepando no alazão do tempo, foi alogar-se na casa dos trintas..." . Sempre parecendo mais nova dos 30 aos 40 anos, D Camila vê-se desesperada aos 42, diante do cabelo branco que torna-se um vilão na narrativa, já que afirma as mudanças físicas decorrida com o tempo; por isso, a beleza e juventude da filha faz surgir, nessa mãe, o sentimento de inveja, agora de forma assumida.

Machado com toda sua sutileza e ironia critica alguns aspectos referentes ao universo feminino que vive da opinião de outrem; além do amor materno em via contrária dos interesses pessoais da mulher. O desejo não admitido, de não envelhecer, que por meios astuciosos, levam a personagem a efetuar comportamentos no sentido de sua satisfação caracteriza o tempo psicológico. A vaidade torna-se uma paixão escondida ou ainda inconsciente.

Algumas características, muito peculiares, da obra de Machado de Assis podem ser verificadas no conto como a questão da perfeição, onde temos a busca, incansável, de D. Camila por beleza, de maneira que está passa a representá-la; tem-se ainda a transformação do homem no objeto do homem, pelo fato da mãe manipular e usar a filha visando seus interesses; e finalmente o bem x mal onde poderá comentar as teorias de Platão, onde a idéia do belo sempre foi inseparável da idéia do bem, o que confere um caráter positivo ao conceito de beleza. Daí a comparação feita a D. Camila a Vênus de Milo, pois a estátua procura traduzir esse conceito e trazer a noção de imortalidade, também à ambição de nossa protagonista. Já o mal aqui seria o implacável tempo ligado à idéia do envelhecimento, que para D. Camila era a perturbação.

fonte: Gil Matos, professor de Literatura

Nenhum comentário:

Meus slides

Amigo cão